“Quem
veio aqui pra assistir um show, veio enganado... Isto não é um show, isso é uma
desculpa para um grande encontro de pessoas, que em alguma dimensão, se
merecem...”.
Quem já teve ao menos uma oportunidade de
estar em uma apresentação da trupe O Teatro Mágico, com certeza ouviu estas
palavras de seu idealizador Fernando Anitelli, justificando umas das principais
características do grupo, que é o de envolver, ao extremo, o público ao som que
rola no espetáculo, por isso, entre outros motivos, esse público,
merecidamente, possui uma classificação: Raros.
E esta definição é cabível, pois é o que
acontece, encontros... Encontramos pessoas que partilham de um mesmo sonho,
amores incondicionais entre mares e meninas; encontro entre a boa música e o
sorriso de careta; encontro entre a arte e o protesto; encontro com a verdade!
Com o lançamento do novo álbum “Grão do corpo”
o TM inicia uma nova fase em seu percurso poético-musical, uma fase muito mais
madura, como é definida pelo próprio Anitelli, e também mais sóbria, assim como
o álbum lançado recentemente o novo show (ops) que se desnuda no palco se
revela mais ao público, os integrantes da atual formação se humanizaram mais,
estão mais próximos ainda do público, tornando mais realista a afeição por
todos ali.
É nítido que algumas arestas, que antes eram imperceptíveis,
foram aparadas, E neste caso aparar não significa amputar, e sim podar, para
que a ideologia das canções amanheça brilhando ainda mais forte em todos os
presentes, a sonoridade da banda ganha mais corpo, e as encenações complementam
as canções numa sincronia perfeita e emocionante.
Fernando Anitelli deixa de ser um poeta que
divulga uma mídia independente, para um ativista apaixonado que criou a capacidade de nos fazer
rasgar nossas mentes e almas e fazer dali brotar uma ideologia de igualdade e
crítica extremamente nítidas e conscientes, nos revela que é possível embalarmos
pelo poesia e despertarmos para a luta social que nos cerca. E este equilíbrio foi
perfeitamente encontrado neste momento da trupe, saímos desse encontro com a
trupe e os raros embriagados de amor e ao mesmo tempo mais incomodados do que
nunca com a realidade que nos cerca.
Ao inicio do encontro é de extasiar, as três primeiras
canções pertencentes ao CD Grão do corpo, simplesmente causaram um impacto
fortíssimo em que estava diante do espetáculo, nada pode ser comparado a
sonoridade poética e maturidade das novas canções, a partir de então houve uma
mescla perfeita de canções de todos os álbuns com as novas composições, um dos
pontos altos sem duvida é a apresentação solo de Fernando, num momento voz e
violão, que já vem se realizando há algum tempo nos encontros, este momento o
público praticamente sobe ao palco e tem seus sonhos realizados.
O som também é de se apreciar por séculos,
logo ao fim da apresentação, eu ouvi um casal de senhores, que nunca tinham
apreciado o Teatro Mágico dizendo um pro outro o quanto foi agradável estar
ali, que a musicalidade daquele grupo fazia bem aos ouvidos e a alma. Neste
momento pensei em parar pra conversar com eles e contar tudo sobre a banda e ideologia
de seu fundador –coisas de raro-, mas preferi deixá-los ali se deliciando com o
que tinha passado diante de seus olhos.
Outro momento que merece, mais do nunca,
atenção especial são as apresentação das artistas circenses, mais teatrais e
significativas revelam aquilo que pode nos escapar das canções, sem contar o
estado maravilhado que nos deixam e os eternos frios na barriga que nos
provocam.
Nada melhor do que depois do encontro trocar
umas palavras com o Sr. Odácio, simpático e inteligentíssimo, nos revela tudo
aquilo que estava por trás de cada palavra e gesto ocorrido no encontro, sempre
revigorante e com um sorriso no rosto nos mostra que o encontro não terminada
ali, mas se reinicia em cada um de nós no momento em que voltamos pra nosso
realidade.
Não há duvidas que é um dos melhores
encontros que podemos participar em nosso país, quem nunca esteve presente com
certeza não pode definir com certeza a importância da música de resistência da
nossa sociedade atual, muito menos enamorar-se pelos emaranhados apaixonantes
da verdadeira arte poetizada e forma musical.
Nunca vamos nos acomodar com o que incomoda e
sempre vamos rugir dilatando nossos corações para a demanda do mundo que é
Amar.
Esta não é a primeira postagem falando sobre a trupe o Teatro Mágico aqui no blog, há outras, mas a que mais se destaca foi o texto que rendeu ao blog o status de divulgador oficial por ocasião do lançamento do DVD Segundo Ato, confira AQUI.
Ou ainda nas postagens com o marcador "o Teatro Mágico".
Conheçam mais o trabalho de Fernando Anitelli e sua trupe:
No Site Oficial
ps. as imagens foram retiradas da page da trupe.