Com certeza nós já nos
emocionamos ou aprendemos algo com o livro “O pequeno príncipe” de Saint-Ex –apelido
Frances do auto Antonie de Saint-Exupéri-, ou podemos conhece-lo também como
Tonio, simples assim, era chamado por sua amada Consuelo, o maior, mas não único
amor de sua vida.
No livro do principezinho
curioso, aprendemos inúmeras lições, principalmente sobre a maneira como
enxergamos a vida, e o que fazemos dela. Conhecemos também muitos personagens,
sobre os quais podemos nos enxergar, ou enxergar aqueles que nos rodeiam, acima
de tudo isso, fica com certeza uma lição: não podemos ser apenas abóboras!
Vem até nós, mais de 70
anos depois da 1ª publicação um novo olhar sobre a obra, rascunhos dos
primeiros esboços dos desenhos ilustrativos, que são feitos pelo próprio autor,
bem como a maneira como eles foram preservados até hoje.
Após a ocupação da França,
durante a 2ª guerra mundial, o pai d’o Pequeno Príncipe estabeleceu residência temporária
em Nova York, com a missão diplomática de ajudar a convencer o governo
americano a se engajar rapidamente no combate contra a Alemanha.
Foi durante os dois anos
que passou em solo americano que Saint-Exupéry escreveu a sua obra mais
aclamada – mas não viveu para entender a dimensão do fenômeno que havia criado.
Isso porque, poucas semanas depois da publicação do livro, em 1943, o autor
resolveu embarcar em uma missão de reconhecimento no território francês ocupado
por alemães. Em 1944, o escritor desapareceu sem deixar pistas.
Parecendo quase antecipar
o destino trágico, pouco antes de partir para aquela que seria a sua última
missão, Antoine visitou sua amiga nova-iorquina Silvia Hamilton. “Eu gostaria
de te dar algo esplêndido”, teria dito o autor, “mas isso é tudo o que tenho”.
Dentro do saco amassado que entregou a ela, estavam nada menos que o manuscrito
e desenhos originais de sua obra.
Veja algumas obras que
estão em exposição num museu de Nova York:
Por outro lado, temos a
história de Consuelo Suncin de Sandoval, esposa de Tonio, e provavelmente a
mulher que inspiração a personagem da Rosa do pequeno Príncipe. Consuelo também
escreveu um livro chamado “Memórias da Rosa”, onde faz uma biografia de sua
vida junto ao escritor, relatando uma união cheia de amor poético, mas também com
muitas dificuldades no relacionamento.
"Ser a mulher de um piloto é uma
profissão. Ser a mulher de um escritor é um sacerdócio". Esta é uma sentença que com certeza nos revela
a dualidade desta relação entre o casal, ao cabo que, ao mesmo tempo que
entendemos que o sacerdócio é uma vocação de amor, também é uma de
desprendimento total.
Alem de muita
coragem ao narrar ao mundo sua vida amorosa com Saint-Ex, Consuelo se mostra
também dotada de uma sensibilidade grandiosa, bem como de uma personalidade
marcante, nos lembrando mais uma vez o motivo de ser inspiração para a geniosa
Rosa do Príncipe:
“Pareço vaidosa
nas coisas pequenas. Mas sou humilde nas grandes. Pareço egoista nas coisas
pequenas, mas nas grandes sou capaz de dar tudo. Até a vida. Pareço muitas
vezes impura nas coisas pequenas, mas só sou feliz na pureza.”
E ainda mais
emocionante num momento de despedida do que o próprio príncipe nos foi em sua
leitura:
"
Apertando-me em seus braços, quando me disse adeus antes de voar (...) sua voz
ficou em meus ouvidos. Eu a ouço como as batidas do meu coração. Eu a ouvirei
sempre! - Não chore, meu amor, é belo o desconhecido quando
vamos descobrí-lo..."
- " todo dia você me escreverá duas ou três linhas e (...) " não estaremos separados porque você é minha mulher por toda a eternidade e nós choraremos juntos a distância dos dias que passaremos sem vermos as mesmas coisas".
Consuelo
passou vinte anos chorando e relembrando!
Certamente olhava para as estrelas e recordava as últimas palavras dessa despedida" (...) "dê-me seu lencinho para que eu escreva nele a continuação do Pequeno Príncipe.
No fim da história você nunca mais será uma rosa com espinhos, mas sim a princesa de sonho que está sempre esperando o Pequeno Príncipe e lhe dedicarei esse livro".
Outro trecho
comovente e poético de Consuelo:
“Eu continuava
andando sozinha na rua, pensando em meu piloto que dormia... Parecia uma
imbecil caminhando sem rumo, esbarrando nos transeuntes, meio perdida, quando
de repente um homem me pegou pelo braço e gritou em meu ouvido:
- Vamos, suba no carro.
- Ah! é o senhor, Tonio?
- Sim, sou eu. Procurei-a por toda parte. Parece uma mendiga, andando toda curvada. Perdeu alguma coisa?
- Acho que perdi minha cabeça.
Ele riu com vontade:
- Foi meu motorista quem a reconheceu, eu não o teria conseguido. Por que estás tão triste? Pareces uma órfã.
- É verdade. Pareço triste porque não tenho coragem de fugir do senhor. E acho que não quero ouvir a verdade; para o senhor não passo de um devaneio, o senhor gosta de brincar com a vida, não tem medo de nada, nem mesmo de mim. Mas fique sabendo que não sou um objeto, nem uma boneca: eu não mudo de rosto todos os dias, gosto de sentar-me todo dia no mesmo lugar, em minha cadeira, e sei muito bem que o senhor não suportaria isso, pois gosta de estar sempre mudando. Se me disser com sinceridade que a sua carta e a sua declaração são um ensaio sobre o amor, um conto, um sonho de amor, não ficarei chateada. O senhor é um grande poeta, um cavaleiro alado, um belo rapaz, forte, inteligente, e não pode zombar de uma pobre moça como eu, que não tem outro tesouro senão o seu próprio coração e a sua vida.
- Que estás dizendo? - replicou ele. - Achas então que tenho muitas qualidades para ser teu marido? Por que, tão jovem, desconfias assim da vida? Por que és tão amarga sobre a doçura de viver? Depois de Correio Sul, não escrevi mais nada... A não ser essa carta de quarenta páginas para ti... E direi que te admiro, que te amo... Todos os dias pedirei à senhora que seja minha companheira por toda a vida. Preciso da senhora. Sei que a senhora será minha mulher, posso jurar quanto a isso.
- Estou muito emocionada... Se acreditasse poder proporcionar-lhe algo de bom, de belo, não hesitaria talvez em casar-me novamente ... mas não tão rápido... Tonio, tem certeza que deseja uma mulher para toda a vida?
-Consuelo eu a quero para toda a eternidade”.
Mais do que dois livros,
duas obras de arte, duas cartas de amor, dois memorandos sobre a verdadeira
felicidade e valor de tudo o que está a nossa volta...
“Saint-Ex apaixona-se imediatamente por Consuelo e a convida a
voar. Acima das nuvens desliga o motor do avião e ameaça só religá-lo após
ganhar o beijo dela. Assim começa uma história de dois boêmios que se entregam
aventuradamente à vida. A relação é tormentosa, plena de rompimentos,
afastamentos, distâncias, reaproximações, traições e amor.”
Fontes: (Algumas leituras ficaram subentendidas no meu texto e eu não fui capaz de separá-las como referências aqui.)
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