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sexta-feira, junho 21, 2019

Só o rock salva! [Resenha João Rock 2019]



Só o rock salva
-Resenha João Rock 2019-
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O evento.

O JoãoRock já é um mocinho, com 18 anos de vida e edição de 2019 chegou para destruir os pilares da nossa sanidade de maneira primordial e prestar um serviço à comunidade artística brasileira sendo o maior festival de música nacional realizado em nosso país. Cerca de 70 mil pessoas acompanharam em 3 palcos as atrações do evento, que conduziram os expectadores a um misto de emoção e racionalidade sem precedentes.

Os organizadores mostraram que ouvem os participantes do evento e corrigiu erros de edições passadas, o JoãoRock 2019 superou em muito as edições anteriores no que diz respeito a organização. A experiência começou muito antes do evento, com a chegada das pulseiras, cadastros e recargas on-line, o que evitou as filas, que além de chatas, faziam a galera presente perder shows. Os banheiros também melhoraram bastante. No site neste momento podemos contar com um serviço de achados e perdidos.

Além disso tudo, artisticamente o evento é perfeito, somados ao palco principal, tivemos o Palco Brasil e o Palco Fortalecendo a Cena, dispostos de maneira perfeita pelo recinto, a movimentação, vezes tumultuada, vezes tranquila entre eles, criou um balé de personagens estilizados de maneira única e muito peculiar, como deixar de observar o equilíbrio de estilos de todos os presentes, a necessidade do despojo e do destaque criaram um ambiente harmoniosamente dissonante.

As atrações

A programação do JoãoRock provoca os expectadores de maneira poderosa, em alguns momentos temos que fazer escolhas proporcionalmente dolorosas e revigorantes. Já diz a canção: "cada escolha, uma renúncia", por isso meu olhar concentra-se no vi, senti e vivi.

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O dia começou com muito sol e Plebe Rude, que está prestes a lançar um novo trabalho audacioso, a banda acelerou o ritmo do rock logo no início dos trabalhos no Palco Brasil, com muita personalidade, a banda já deixou claro que faria jus a origem brasilense e não ia deixar o cenário político em paz logo na abertura da apresentação. Não havia como ficar inerte ao ritmo, carisma e letras do grupo.


Djonga conduziu o Palco Fortalecendo a Cena a um outro patamar, com consciência crítica apurada sobre racismo, sociedade e um ritmo alucinante, que lembrava muito os rappers americanos, e um som muito bem feito. Este palco neste momento estava com um grande número de pessoas acompanhando a apresentação, mostrando a força que o Rap e o Hip Hop vem ganhando no Brasil, mesmo o Palco João Rock contando com maior número de plateia, foi esse ritmo que encerrou o evento na madrugada do domingo.

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Já no palco João Rock acompanhamos a apresentação de Zeca Baleiro, ícone da MPB, uma personalidade singular, o artista nos conduziu durante o pôr do sol e o surgimento de uma lua cheia perfeita sobre nós, seus sucessos e releituras de sucessos da nossa música nos embalaram para a noite que seguiria.

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Momento da primeira decisão difícil, ao deixar o palco João Rock, virando as costas para o imenso astro Alceu Valença, para acompanhar Dado Vila-Lobos e Marcelo Bonfá tocando Legião Urbana em comemoração aos 30 anos do lançamento do álbum “Dois”. O cantor e ator André Frastechi assumiu com maestria o vocal do grupo, sua presença de palco e voz transformaram a noite de sábado em algo memorável e emocionante, é importante ressaltarmos algo aqui: estamos falando de Legião Urbana, senão o maior, um dos maiores patrimônios do rock e da música nacional, não houve como conter a emoção e as lágrimas, Dado e até mesmo Marcelo fazem suas participações frente ao público, essenciais, eram o sangue que corriam em nossas veias naquele momento. Que show!

André finalizou com a sentença: Só o Rock Salva!

A volta ao palco João Rock foi cheio de expectativas, aquele chão não era mais um espaço qualquer, era um território ocupado por pessoas que buscavam não apenas um som bacana com um ritmo envolvente, mas sim, transcender a um novo patamar de compreensão da realidade por meio da arte, era visível no semblante de todos uma busca.

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Em minutos Paralamas do Sucesso estavam no palco, não há como olhar para Hebert Vianna e não se motivar, nem desejar acolher aquele homem, a voz que foge do padrão, e a musicalidade (do power trio e da banda) são estonteantes. A habilidade do Barone é proporcional ao talento e timidez do Bi, sem contar o fato que nos faz sentir mais humanos o sorriso do baixista, toda vez que vem a frente do palco. Dos artistas mais incríveis e humildes, Hebert comentava que talvez nem todos conhecessem a canção que seguiria e mandava um super sucesso da banda.



CPM 22 simplesmente quebrou tudo. Que som! Que ritmo! Não houve como não se envolver com letras e ritmos tão marcantes do grupo. Incansáveis levaram a galera a consumir o som produzido no palco, tornando-nos um com a magia invisível do Rock. Fernando Badauí, vocalista do CPM 22, promoveu dois pontos de reflexão muito importantes: a canção que fez para o pai, e que dá nome a turnê da banda, emocionado, Badauí contagiou a todos os presentes; um comentário importante feito por ele sobre o evento “O João Rock não convida quem está na moda e sim quem tem história dentro da música”. Sem mais, amigos, que show...

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A rainha toma seu trono no Rock nacional: Pitty. Não há como não desejar tatuá-la em nossas almas, uma mulher que transcendeu sua presença na música e nos palcos, Pitty eleva o movimento musical a um patamar totalmente diferenciado, baiana e rockeira veio quebrar todos os paradigmas que conduzem o ritmo a um ostracismo musical e social. Com a turnê do novo álbum Matrix, a cantora e compositora revela que seu talento é infinito assim como o próprio conceito de música. Pitty envolve todos os sentidos do público, a maneira como ela se mexe no palco nos faz imaginar que o paraíso só pode ser algo parecido com sua presença. Uma mulher no sentido nato da palavra, seu protesto a favor das mulheres e da comunidade africana também são presenças importantes em sua apresentação, as letras com um cunho filosófico e empoderador conduz a reflexões inéditas para a maioria. BaianaSystem, Rael, Lazzo Matumbi, Larissa Luz e Pitty no palco, que momento da música brasileira. No mais, a experiência de poder olhar nos olhos dessa serpente de 7 vidas nos fez evoluir.

“O chicote em minhas mãos
O chicote em minhas costas
Rasgando rios, o vergalhão
Via-crucis autoimposta”




Marcelo D2 não perdoa. A todo momento pedia para que se acendesse as luzes e encarava a galera num misto de provocação e admiração pelo público ali presente, os ideias de resistência iniciados na apresentação anterior, ganharam corpo e revelações na sua apresentação. O alimento recém comprado esfriou em minhas mãos, não havia como desviar os olhos da apresentação, a batida perfeita mistura um swing e protesto de maneira que faz questionarmos tudo ao nosso redor e dentro de nós também, é o tipo de som que incomoda acomodados.

Enquanto Digão pedia sua namorada em casamento no palco Brasil, momento singular do Rock nacional, vamos fechar a noite e abrir a vida.

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Emicida e Rael iniciaram a última apresentação do palco João Rock, som pesado demais, a população brasileira representada no palco, uma aula sobre nossa realidade, ali escancarada no fato de que o Hip Hop é foda. A apresentação ainda contou com a presença de Pitty. O ponto alto da noite, que parecia não poder mais se elevar, foi a entrada de Mano Brown ao palco, o Pai do RAP brasileiro não cansa de nos revelar a verdade sobre nossa nação, não há como não respeitar e admirar sua presença. Djonga e Rincon Sapiência juntaram-se a cena para conduzir o fim de 12 horas de música, os conceitos de resistência cultural no palco, desde a apresentação da Pitty até esse momento, fizeram o sistema tremer.




No mais...

No mais, há alguns pontos que devem ser ressaltados, o amor e a política são pilares do rock e música consciente no nosso país, e fomos isso que presenciamos no João Rock, muito amor e parceria; não houve uma única apresentação onde o Presidente do país não foi convidado a tomar no c*, retrato de um política que se mantém estagnada em velhos pilares e o estado de exceção que se estabeleceu em nosso país.

Ao final o desejo era de permanecer ali, levar um pouco daquela terra, como se fosse um lugar sagrado, mas não, não é esse o intento, mas sim o do levante, todos os artistas presentes em todos os palcos nos convidaram a amar, a resistir e a ter consciência.

Bora lá então...



segue lá
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