LAMPIÃO, ENTENDA O POVO POR TRÁS DO HOMEM E ENTENDA O HOMEM À FRENTE DE UM POVO.
Findando o mês de julho
relembramos um dos maiores mitos da historia brasileira: Antonio Virgulino
Ferreira, O Lampião, homem que deixou sua marca num movimento como Cangaço. Muitas
inverdades, tanto para o bem quanto para o mal, são proferidas em relação ao
cangaceiro mais conhecido, bem como ao movimento de cangaço de forma geral, por
isso é necessário conhecer melhor sobre o assunto.
O cangaço é um movimento
histórico de resistência e luta dos mais pobres para sobreviver contra o poder
dos mais ricos, e mesmo que possua em suas linhas momentos de violência deve
ser compreendido como positivo e jamais deve ser comparado a movimentos como o
atual tráfico de drogas ou determinadas realidades na periferia, principalmente
nos grandes centros, ou mesmo movimentos organizados como os Sem-terra.
Justamente por ser um
movimento libertário dos mais pobres e explorados que o cangaço sofreu
perseguições da imprensa na época, onde foram criadas histórias falsas que até
hoje são disseminadas em nossa sociedade, numa busca desenfreada de deslegitimar
o movimento, assim como ocorre com muitos outros movimentos de resistência no
Brasil e no mundo.
É evidente que muitos casos
de violência foram cometidos por cangaceiros, mas da mesma maneira, mas em
proporção muito maior sofreram ataques abusivos, bem como o povo em geral, da
Volante, milícia apoiada abertamente pelos governos na época.
Lampião
que nasceu em Pernambuco teve seu pai assassinado em 1920 pela polícia a mando
de coronéis quando ainda criança, sua mãe morrerá 19 dias antes vítima de
infarto. O sertanejo então se revoltou com a realidade e partiu em busca de
seus inimigos. Sua história hoje é vista como um misto de romance, aventura,
violência, amor e ódio.
Para
a neta de Lampião, a historiadora Vera Ferreira, o rótulo de ‘bandido ou herói’
é muito simplista. “Eu costumo dizer que cangaceiros foram homens que disseram
não a situação, porque se nós olharmos o passado do cangaço e analisá-lo somos
remetidos para uma época social, econômico e cultural de muita pobreza no
sertão, como ainda hoje é. Lá não existia uma autoridade, o sertanejo passava
necessidades e ainda era explorado. Aí que o cangaço entra e se firma pela
ausência de autoridade”, aponta.
Ainda sobre a questão de herói
ou bandido, veja esta afirmação reflexiva de Washington Rodrigues Correa,
sobrinho-neto de Pedro de Cândido – o coiteiro de Lampião que traiu o
cangaceiro e revelou (forçado pelas milícias, dizem) o local onde ele e seu
bando acampavam, na Grota do Angico – Diga lá, de coração: Lampião foi
um herói ou um bandido?” Sua resposta, digna de muita reflexão, não podia ser
mais inquietante: “Lampião foi simplesmente um brasileiro.”
Antes
de Lampião o cangaço era apenas um fenômeno regional, limitado ao Nordeste do
Brasil. De acordo com a neta do cangaceiro, o restante do país não se
incomodava com o que não lhe dizia respeito. (...)Vera
diz que Lampião representa o momento de maior importância do cangaço e que foi
a partir de movimentos como Canudos e o cangaço que o resto do país percebeu a
realidade do sertão. “O movimento do cangaço não era percebido pelo resto do
país e a partir do momento em que o Lampião se torna famoso pelos seus feitos, a
realidade nordestina passa a ser mais vista, após sua morte não houve mais
nenhum movimento que fosse caracterizado pela rebeldia e contestação no
Nordeste”, conta.
(...) Lampião era um
revoltado e não um revolucionário. Como tal, não tinha uma visão mais ampla da
sociedade (...). É bem provável que se Lampião tivesse
nascido alguns anos antes, seguisse Antonio Conselheiro pelos caminhos do
sertão até Canudos, ou, se tivesse nascido escravo na velha Roma ao tempo de
Spartacus, talvez parceiro desse libertador. Nascido na segunda metade do
século passado, provavelmente, seria encontrado liderando uma tomada de terra
ou dirigindo um dos movimentos de camponeses sem terra.
Tantos condicionantes
servem para entendermos que a guerra dos escravos, as guerras camponesas e o
cangaço têm a mesma base: a opressão e a exploração da maioria do povo por um
punhado de parasitas.
Conheça mais da verdadeira
vida de Lampião, Maria Bonita e os cangaceiros, bem como seus verdadeiros
costumes, sua relação com a sociedade na época, com as mulheres, a religião e
os políticos no site:
Pesquisem sempre em fontes confiáveis e de referencia.
Fontes: (Além minha cabeça fervente, usei textos das seguintes matérias na composição deste post)