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sexta-feira, maio 13, 2016

Oh Lola, tão doce silêncio... [Arrepie-se]

Este post precioso é fruto de umas das mais emocionantes parcerias que poderia realizar em minha vida; a autora do texto é minha aluna, mas há muito já me superou em existência intelectual e literária, logo é com grande honra que compartilho este arrepiante e delicioso texto com todos. Prepare-se.

Oh Lola, tão doce silêncio...

"Cada brasa do lar sobre o chão refletia
A sua última agonia." –
O Corvo, Edgar Allan Poe


Você se esgueirou para baixo da cama e, em um movimento súbito, levou sua mão a boca tentando enrustir sua respiração.

Oh Lola, por que tão ingênua?

Um homem adentrou o quarto, você não o reconheceu, mas sabia exatamente porque ele estava lá, você achou que poderia simplesmente desaparecer?



Oh Lola, por que tão ingênua?

Ele caminhou lentamente até o outro lado do quarto, e, por um descuido, deixou a porta aberta. Oh Lola, você podia ter corrido.

Oh Lola, por que tão ingênua?

Você estava assustada, tremendo de medo, e sem querer bateu o braço na parede, chamando a atenção do homem. Oh Lola, ele ouviu.

Oh Lola, por que tão ingênua?

Ele puxou seus pés e te arrastou para fora da cama. Você se levantou e ficou frente a frente com seu assassino, e de repente nada importava mais. Mesmo mantendo distância, eu tenho certeza que ele sentia sua forte respiração.

Todos nós sentíamos Lola. Você poderia ter gritado, lutado, mas só resistiu, se deixou levar, até que finalmente pode repousar serenamente.

Com um tiro, você caiu no chão e ficou frente a frente com o monstro presente embaixo de sua cama. Você teve o que mereceu, disse o monstro. Você olhou para o monstro ignóbil, com seus olhos cravados em sua barriga ensanguentada, e viu uma lágrima escorrendo pela sua pele.

Oh Lola, agora você sentiu.

Com um grande esforço, você moveu sua cabeça para o lado e viu o homem saindo do quarto apressadamente.

Oh Lola, ele sabia que você não iria resistir.

Cedo ou tarde eles iriam te achar, não iriam? Mas talvez fosse mais fácil para os pais contratarem um assassino do que esperarem a polícia te achar. Eles precisavam se vingar Lola.

Acho que ninguém desconfiaria que você faria mal a alguém, mas você fez.

Deu-lhe na veneta e percebeu o quão pérfida havia sido. Você começou a chorar e berrou, juntando toda a força que lhe restara, sabendo que não haveria resposta. Olhou para baixo da cama e viu apenas um espelho, e então seu choro cessou e você pode descansar serenamente.

Oh Lola, tão doce silêncio...

Ninguém iria em seu enterro, você era uma assassina, você estava sozinha.



Oh Lola, por que tão ingênua?


++++++++++++++++++++++++


Sobre a autora:

Mônica A. Noveli, 13 anos, apaixonada por literatura e biologia, estudante do 9º ano do ensino fundamental. Corpo está presente em Ourinhos–SP, não se sabe em qual galáxia sua mente está. Escreve por diversão, tenta achar coisas onde não há. Aceita livros de presente. Sempre de bom humor -exceto de manhã, tenta levar a vida da forma mais agitada o possível. Gosta muito de sorvete de passas ao rum e batata frita. Acredita que quanto mais cores, melhor. Aceita livros de presente.

quarta-feira, maio 04, 2016

55 anos de Hebert Viana


Hoje, 4 de maio de 2016 um dos maiores e mais respeitados músicos do nosso país e da América Latina completa 55 anos de vida: H e b e r t   V i a n a.


Líder de uma das mais importantes e influentes bandas de rock brasileiro, Hebert tem em sua bagagem musical e artística grandes sucessos que embalaram, mobilizaram e motivaram muitos brasileiros, e latinos, na busca de um grande amor e também na luta pela igualdade social e sistema politico justo.

Os Paralamas do Sucesso mantém sua formação original de 1982 e forma responsáveis pela musicalização dos versos de canções como Meu erro, Lanterna dos Afogados, Alagados, Brasília, sem contar que são os responsáveis pelo alavancamento da banda Legião Urbana, que liderada por Renato Russo é ainda hoje referência de produção musical de qualidade no Brasil e no mundo.


Averso a mídia, com o passar do tempo, diminui muito a participação em programas de TV e entrevista à grande mídia, mesmo assim por meio de entrevistas mais antigas podemos perceber o olhar atento e universal de Viana sobre a realidade do nosso país, que chega a ser, como suas composições atemporais:


BRASILEIRINHO - Como é que você analisa esse momento político do Brasil, cheio de denúncias de corrupção? 
HERBERT - No meu ponto de vista - quer dizer, quem sou eu, a gente passa pequenas mensagens através das coisas que a gente escreveu, agora... Do meu ponto de vista particular, só uma reforma espiritual grande, que extraísse o egoísmo das pessoas, que fizesse todo mundo raciocinar de uma maneira diferente, ia mudar. É claro que um pouco a política ajuda, mas acho que a solução pra isso é uma solução mais profunda. O Brasil foi colonizado de uma maneira em que o país colonizador era muito forte, tomava todas as decisões. Então a gente se acostumou a não tomar decisão e esperar pelos outros, (...) No Brasil, a gente espera que alguém faça pro todo melhorar. E nunca vai mudar.

Existe uma mácula na história de Hebert Viana, que está marcada em seu corpo, alma e coração: o acidente sofrido com um ultraleve que vitimou sua esposa Lucy, após 14 anos do acidente que deixou o canto paraplégico, ainda existem dúvidas sobre a real causa da queda do avião, o processo relata que foram feitas manobras semiacrobáticas momentos antes do acidente, mas que isto não teria relação com a queda, Hebert ganhou o processo contra a fabricante alemã, pois outra aeronaves do mesmo tipo sofreram quedas causadas pelo mesmo motivo. "Eu tenho que, na verdade, cicatrizar um ferimento físico e emocional muito profundo. De ter tido um dano que me impede o funcionamento da metade inferior do meu corpo e a perda do meu grande amor, mãe dos meus três filhotes, em um acidente de aviação"

O que nos resta é admirar a sua obra tão significativa na vida de nosso povo, eu mesmo tive a oportunidade de estar numa apresentação da banda e com certeza foi um dos momentos mais importantes da minha vida, cheguei 12 horas do início do show e cada minuto está gravado em minha memória com muito amor e valor.


Curiosidades sobre os Paralamas do Sucesso


fontes: 

http://www.brasileirinho.mus.br/entrevistas/herbertvianna.html

http://www.deficienteciente.com.br/e-importante-falar-sobre-deficientes-diz-herbert-vianna.html

http://g1.globo.com/bahia/festival-de-verao/2014/noticia/2014/01/13-anos-apos-acidente-hebert-vianna-diz-que-dor-ainda-nao-cicatrizou.html

https://turismoadaptado.wordpress.com/2011/11/15/herbert-viana-grande-cantor-de-sucesso-antes-e-depois-de-adquirir-a-deficiencia/

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/hvianna_biografia.shtml

http://celebridades.uol.com.br/noticias/redacao/2011/04/08/herbert-vianna-vai-receber-r400-mil-de-indenizacao-por-queda-de-ultraleve.htm


quinta-feira, março 03, 2016

A mulher do ano: Luana Tolentino.

********** ATUALIZAÇÃO NECESSÁRIA E JUSTA *******


A professora Luana Tolentino foi honrada com uma Medalha da Inconfidência Mineira, no último dia 21, a mais alta honraria que um cidadão do Estado de Minas Gerais pode receber de seu governo.

Nas palavras de Luana "Penso no quanto fiquei emocionada quando o governador Fernando Pimentel colocou a medalha no meu pescoço e se referiu a mim de um jeito muito carinhoso: "Ah, Luana! Você! Você! Essa é a medalha mais merecida dessa cerimônia...".

Saiba mais sobre a premiação e sua repercussão: professora-negra-recebe-medalha-em-minas-e-diz-sou-prova-de-um-novo-brasil

Luana, nossa bandeira.
Luana e seus pais na cerimônia de entrega da Medalha da Inconfidência

Luana e o ex-presidente do Uruguai Mojica.

********** Fim da atualização, segue o post original **********





Desde Safo, poetisa que nasceu por volta 570 a. C., até Malala Yousafzai, passando por Joana d’Arc, Jane Austen, Harriet Beecher Stowe, Rainha Vitória, Florence Nightingale, Emily Murphy, Simone de Beauvoir, Anne Frank (nossa queridinha), Madre Tereza de Calcutá; temos ainda as brasileiras Maria da Penha, Ellen Gracie, Rachel de Queiróz, Zilda Arns, Chiquinha Gonzaga, Maria Amélia de Queiroz, Anita Garibaldi, Zuzu Angel, a humanidade constrói uma luta de igualdade para as mulheres, homens, negros, e muitos outros que a sociedade insiste em deixar a margem.


Porém,
neste dia das mulheres que se aproxima vamos enaltecer a luta de uma brasileira especial: Luana Tolentino, mestranda, professora de história em Belo Horizonte, que vem revolucionando aspectos pedagógicos e na emancipação do espaço merecido da mulher, principalmente a brasileira.

 

A professora Luana nos revela uma forma totalmente inovadora para educação escolar, desvelando sempre a necessidade da igualdade e da relação horizontal entre professor e aluno, técnicas e atividades que vem mostrando resultados maravilhosos em sala de aula e na vida dos pequenos. Conheça uma das mais eficazes e belas práticas de ensino: O que você gostaria que sua professora soubesse? [link]

 

A mulher Luana vem fornecendo ferramentas e armas na construção e luta pela igualdade de direitos para as mulheres e fornecendo voz aos que não possuem dentro da sociedade.


Recentemente participou da pesquisa e elaboração de um livro que trata sobre a história das mulheres do nosso país: "Imprensa Feminina e Feminista no Brasil - Século XIX".

 

Há algumas semanas protagonizou um dos maiores VRÁÁÁÁ da história recente no ativismo em prol de uma sociedade mais justa e igual: UM SONORO “NÃO” AO PROGRAMA CALDEIRÃO DO HUCK, ( Saiba tudo sobre a negativa de Luana Tolentino ao programa de Luciano Huck [LINK]) cujo apresentador “que durante a Copa usou o programa para oferecer brasileiras aos gringos, como se fôssemos mercadoria." fato este conhecido de todos, aqui, nas palavras da professora Luana.

 

Luana é hoje a cara, a bandeira e a cor da luta pela igualdade desse povo gigante, que alimenta sua fome na inteligência, sabedoria e garra da professora.

 

Sou fã da sua humildade Luana, obrigado.




                                                             SAIBA MAIS:                                                               






quinta-feira, janeiro 21, 2016

Naquele dia [apaixone-se]

Esta é uma publicação muito especial neste blog, esta narrativa foi escrita por mim e pela Maina Salén do blog GeoPoetizando [link], uma parceria que me trouxe muito orgulho, Maina é uma professora com uma capacidade criacional literária muito grande e bela, além disso, é uma mulher única e sem igual na sua bondade e sensibilidade, vale muito a pena conhecer seus escritos e, acima disso, seus feitos. 

Obrigado Maina por ter iluminado com seu nome e com suas palavras este blog tão singelo.
Deliciem-se com esse texto tão singular e ao mesmo tempo tão amplo, afinal, quem nunca passou por isso antes? 


Naquele dia


Ele

Quando ele acordou naquela manhã logo procurou planejar suas palavras, ações e reações, criar momentos favoráveis que os levassem a um momento sublime e ainda sentia os efeitos do despertar quando percebeu que isso é impossível, não se cria momentos inesquecíveis, eles acontecem com quem espera milagres.

Aliás, quando ele acordou pela manhã jamais poderia imaginar que seu dia não teria 24 horas, como todos os outros da sua vida, jamais poderia imaginar que um gesto, que para tantos é banal, seria radiante o suficiente para quebrar paradigmas temporais.

Naquela manhã não poderia imaginar qual o real sentido de um mar de sentimentos invadindo o pequeno cais do seu coração, nem como poderia ser um tufão de emoções destruindo o pequeno e frágil forte que protegia sua razão.

Sendo assim, ele não imaginava que aquela seria a sua última manhã, pois o homem que despertaria no outro dia seria outro completamente diferente.

E ainda amanhecia o dia...


Ela

Despertou calmamente com as imagens desfazendo-se aos poucos perante seus olhos. Ela sabia que não era simplesmente um sonho, e sim seus tão imaginados desejos que insistiam em ocupar-lhe a mente.

Respirou a poeira do sol que entrava pela fresta da janela de seu quarto. Sentiu um nó na garganta ao perceber que o coração ainda doía. Quando ela acordou naquela manhã tinha a ilusão de que ao dormir poderia amanhecer sem a dor, porém sentiu a saudade, aquela saudade que sufoca, pois era a saudade de algo que ela nunca viveu.

Olhou para o pequeno porta-retrato em seu criado mudo ao lado da cama, era uma fotografia dele, uma fotografia roubada, um doce segredo que ela guardava. Perdeu a noção de quanto tempo ficou sentada na cama observando cada detalhe dele, guardando a imagem em sua retina, pois em seu coração ele habitava há tempos.

Naquela manhã ela acordou e percebeu que era um redemoinho, onde girava e girava sem parar todas as suas dores, todos os seus sorrisos, todos os seus desejos, engolindo-a para dentro de si própria.

Assustou-se com o toque de seu aparelho celular, era o despertador, lembrando-a dos compromissos que tinha naquele dia. Ela desligou o alarme, visualizou as horas, espreguiçou-se estalando as costas antes de levantar da cama, e mesmo sem saber, já não era mais a mesma mulher.

E ainda amanhecia o dia...


Ele

Tudo o que foi pensado, feito e dito naquele dia concorreu para que o cume fosse com determinado desfecho, e o dia não acabaria enquanto a escalada não chegasse ao fim, que nada mais era, do que um início.

Os mais belos momentos de nossas vidas, chegam em escalas, muitas vezes parecem surpresa aos nossos olhos humanamente depressores, mas são na verdade construídos por almas que já estavam unidas muito antes dos corpos, e naquele dia ele era avisado de cada escala daquela viagem até que seus olhos puderam cruzar com os olhos do desejo ardente de seu coração: ela chegou...

Ela

Olhou para o relógio no seu pulso e reclamou internamente das horas. Cada segundo era uma infinidade de tempo que estava longe dele. A ansiedade intensa a fazia gritar em plenos pulmões preenchendo todo aquele silêncio da espera. Naquele dia ela era mais turbulências que todas as aeronaves do mundo.

Sufocou-se com seus gritos inaudíveis e uma lágrima surgiu no mesmo instante que brotou um pensamento, pensamento esse que a feriu como um espinho, e se ele não viesse ao seu encontro.

No entanto, mesmo o dia encontrando-se em seu fim, onde a noite tentava engolir os últimos raios de sol, ela iluminou-se devido o desejo ardente de seu coração: ele chegou...


Então, veio o silêncio e fez-se a cena

Não há jogos, não há planos neste momento, o que existe são olhares, toques que descarregam uma energia imensamente grande, e que ainda assim eles tentam absorver para si, procuram desesperadamente ser essa energia, decifrá-la para que no futuro possam reproduzi-la sem erros.

Mas há um momento, um segundo em que o mundo simplesmente para de olhá-los e passa a contemplá-los extasiado. É o momento! Seus olhares se cruzam e surgem os sorrisos, pois ele sabia no que ela estava pensando, e ela, sabia que ele sabia. Na verdade, eles são incapazes de esconder qualquer coisa um do outro, basta um olhar e a conversa já foi travada, o segredo já revelado e a omissão completamente desfeita.

O beijo

E chegou o momento! Aquele momento transbordante onde as palavras sucumbem, os gestos não bastam para expressar o que está em si, seus olhares fixos e de pupilas dilatas revelam um ao outro que nada mais pode ser contra, e a entrega ocorre através de um verso simples, mas complexo, onde apenas seus lábios poderiam criar a rima.

No caminho do encontro dos lábios desejosos, seus corações cessam todas as atividades, mas, no encontro único, consumado num beijo tão desejado, o mesmo coração volta a bater, porém com uma diástole que parece querer lançá-lo para fora do peito dele ao encontro do coração dela.

Eles percebem nesse momento que mais do que os lábios, os corações também se beijam naquele instante, neste encontro se fazem um pela primeira vez, quando os lábios buscam um ao outro num desfecho pacífico, mas avassalador, eles percebem que era exatamente ali que desejavam estar, não o lugar em si, mas sim, a maneira: um no outro e outro no um.




Por

Flávio Ferreira e Maina Salén [link]


terça-feira, janeiro 19, 2016

Edgar Allan Poe [niver do terror]


A Narrativa do personagem Arthur Gordon Pym, contava a história de um navio à deriva cuja tripulação faminta tirava no palitinho quem seria comido pelos outros. A vida imitou a arte 46 anos depois, quando a tripulação do Mignonette passou exatamente por isso. A grande coincidência? Os azarados que viraram refeição. Ambos eram camareiros e chamados Richard Parker

O autor da narrativa? 

Edgar Allan Poe que se estivesse vivo faria 207 anos hoje.



Este blog é executado sobre as sombras e olhares de duas aves símbolo: o corvo e o carcará, e este corvo não está aqui por acaso. Quando adolescente ganhei um livro de contos de um autor que não conhecia, mas que passou a ser fundamental na minha formação profissional, intelectual e até pessoal.

Edgar Allan Poe foi o criador do gênero “romance policial”, apesar de suas histórias de crimes serem conhecidas na França desde o séc. XVIII, através de publicações de biografias de bandidos famosos. Em contos como: “Os Crimes da Rua Morgue”, “O Mistério de Marie Rogêt”, “A Carta Roubada”, que são necessariamente contos policiais, Edgar Allan Poe deu uma grande contribuição à literatura policial, muito antes de Conan Doyle e Agatha Christie. Nestes contos, Poe descreve as investigações de Auguste Dupin em vários casos, mostrando uma engenhosidade perfeita.

Além do gênero investigativo, criado por Allan Poe, ainda nos restam obras de terror psicológico, contudo, acima das questões psicológicas dos personagens e de todo o clima de suspense alimentado pelo autor, é de suma importância salientarmos o fator da patologia. O autor, por muitas vezes, apresenta seus personagens não pelas suas características físicas, mas sim pelas suas patologias, como ocorre no conto “O Coração Denunciador”. A narração, com foco na análise patológica dos personagens, acaba por tornar-se presente na literatura naturalista, isto na metade do século XIX, todavia, Edgar Allan Poe, também neste caso, mostra-se um homem além de seu tempo, pois, já utiliza esse recurso muito tempo antes da existência dessa escola literária.

Os contos de Poe sempre são cheios de canibalismo, pestes, cataclismos, incinerações, estranhos males físicos e pacientes de manicômios, além da exploração, de forma crua e objetiva, dos mais escuros vales da psique humana. Escritor perturbado e perturbador, Poe é famoso pelas histórias de terror e policiais. Poe é aquele que, de acordo com Lovecraft, “resolveu ser intérprete daqueles poderosos sentimentos e frequentes ocorrências que acompanham a dor e não o prazer, a decadência e não o progresso, o terror e não a tranquilidade.” (Lovecraft, 2007, p. 62).

É interessante observar, ainda, que as mulheres de Poe são sempre uma alavanca para  a loucura inevitável de seus protagonistas homens, tanto por suas inteligências agudas e voltadas sempre para a metafísica e o ocultismo, a ponto de superarem leis da física, como por suas belezas, às vezes estranhas e fora dos padrões, mas, ainda assim, incandescentes.

Allan Poe não foi apenas escritor de contos de terror ou poemas obscuros, por meio de obras como "Filosofia da composição", "O principio poético" e "Eureka", onde Poe mergulha na filosofia, matemática e até hoje causa discórdia e debates sobre os olhares que se detêm nesta obra buscando um olhar universal sobre o conhecimento: 

"Por que não existiríamos? Esta é, até chegar a idade adulta, a pergunta mais imporssível de responder. A existência, a existência de cada um, a existência desde todos os tempos até toda a eternidade, nos parece, até a idade adulta, uma condição normal. (...) Mas logo vem o período em que uma razão convencional e mundana nos desperta da verdade de nosso sonho. A duvida, a surpresa, o inconpreensível chegam ao nosso tempo. Dizem: 'Vives e houve um tempo em que não vivias'"

Quer deliciar-se na obra obscura deste autor? Então não deixe de clicar neste links:



No fim de 2015 tive uma bela surpresa là Poe, na minha pacata cidade do interior de São Paulo, surgiu um novo ponto de encontro, um barzinho com estilo pub intitulado Edgar Allan Pub, onde podemos apreciar o melhor do rock roll, jazz, alternativo, samba e muita música de qualidade, além dos drinks inspirados em personagens e escritos de Allan Poe. Quando você passar por aqui, vale a pena conferir: