Esta é uma publicação muito especial neste blog, esta narrativa
foi escrita por mim e pela Maina Salén do blog GeoPoetizando [link],
uma parceria que me trouxe muito orgulho, Maina é uma professora com uma
capacidade criacional literária muito grande e bela, além disso, é uma mulher única e
sem igual na sua bondade e sensibilidade, vale muito a pena conhecer seus
escritos e, acima disso, seus feitos.
Obrigado Maina por ter iluminado com seu nome e com suas palavras
este blog tão singelo.
Deliciem-se com esse texto tão singular e ao mesmo tempo tão
amplo, afinal, quem nunca passou por isso antes?
Naquele dia
Ele
Quando ele
acordou naquela manhã logo procurou planejar suas palavras, ações e reações,
criar momentos favoráveis que os levassem a um momento sublime e ainda sentia
os efeitos do despertar quando percebeu que isso é impossível, não se cria
momentos inesquecíveis, eles acontecem com quem espera milagres.
Aliás,
quando ele acordou pela manhã jamais poderia imaginar que seu dia não teria 24
horas, como todos os outros da sua vida, jamais poderia imaginar que um gesto,
que para tantos é banal, seria radiante o suficiente para quebrar paradigmas
temporais.
Naquela
manhã não poderia imaginar qual o real sentido de um mar de sentimentos
invadindo o pequeno cais do seu coração, nem como poderia ser um tufão de
emoções destruindo o pequeno e frágil forte que protegia sua razão.
Sendo assim,
ele não imaginava que aquela seria a sua última manhã, pois o homem que
despertaria no outro dia seria outro completamente diferente.
E ainda
amanhecia o dia...
Ela
Despertou
calmamente com as imagens desfazendo-se aos poucos perante seus olhos. Ela
sabia que não era simplesmente um sonho, e sim seus tão imaginados desejos que
insistiam em ocupar-lhe a mente.
Respirou a
poeira do sol que entrava pela fresta da janela de seu quarto. Sentiu um nó na garganta
ao perceber que o coração ainda doía. Quando ela acordou naquela manhã tinha a
ilusão de que ao dormir poderia amanhecer sem a dor, porém sentiu a saudade,
aquela saudade que sufoca, pois era a saudade de algo que ela nunca viveu.
Olhou
para o pequeno porta-retrato em seu criado mudo ao lado da cama, era uma fotografia
dele, uma fotografia roubada, um doce segredo que ela guardava. Perdeu a noção
de quanto tempo ficou sentada na cama observando cada detalhe dele, guardando a
imagem em sua retina, pois em seu coração ele habitava há tempos.
Naquela
manhã ela acordou e percebeu que era um redemoinho, onde girava e girava sem
parar todas as suas dores, todos os seus sorrisos, todos os seus desejos,
engolindo-a para dentro de si própria.
Assustou-se
com o toque de seu aparelho celular, era o despertador, lembrando-a dos
compromissos que tinha naquele dia. Ela desligou o alarme, visualizou as horas,
espreguiçou-se estalando as costas antes de levantar da cama, e mesmo sem
saber, já não era mais a mesma mulher.
E ainda
amanhecia o dia...
Ele
Tudo o que
foi pensado, feito e dito naquele dia concorreu para que o cume fosse com
determinado desfecho, e o dia não acabaria enquanto a escalada não chegasse ao
fim, que nada mais era, do que um início.
Os mais
belos momentos de nossas vidas, chegam em escalas, muitas vezes parecem
surpresa aos nossos olhos humanamente depressores, mas são na verdade construídos
por almas que já estavam unidas muito antes dos corpos, e naquele dia ele era
avisado de cada escala daquela viagem até que seus olhos puderam cruzar com os
olhos do desejo ardente de seu coração: ela chegou...
Ela
Olhou para o
relógio no seu pulso e reclamou internamente das horas. Cada segundo era uma
infinidade de tempo que estava longe dele. A ansiedade intensa a fazia gritar
em plenos pulmões preenchendo todo aquele silêncio da espera. Naquele dia ela
era mais turbulências que todas as aeronaves do mundo.
Sufocou-se
com seus gritos inaudíveis e uma lágrima surgiu no mesmo instante que brotou um
pensamento, pensamento esse que a feriu como um espinho, e se ele não viesse ao
seu encontro.
No
entanto, mesmo o dia encontrando-se em seu fim, onde a noite tentava engolir os
últimos raios de sol, ela iluminou-se
devido o desejo ardente de seu coração: ele chegou...
Então, veio o silêncio e fez-se a cena
Não há
jogos, não há planos neste momento, o que existe são olhares, toques que
descarregam uma energia imensamente grande, e que ainda assim eles tentam
absorver para si, procuram desesperadamente ser essa energia, decifrá-la para
que no futuro possam reproduzi-la sem erros.
Mas há um
momento, um segundo em que o mundo simplesmente para de olhá-los e passa a
contemplá-los extasiado. É o momento! Seus
olhares se cruzam e surgem os sorrisos, pois ele sabia no que ela estava
pensando, e ela, sabia que ele sabia. Na verdade, eles são incapazes de
esconder qualquer coisa um do outro, basta um olhar e a conversa já foi
travada, o segredo já revelado e a omissão completamente desfeita.
O beijo
E chegou o
momento! Aquele momento transbordante onde as palavras sucumbem, os gestos não
bastam para expressar o que está em si, seus olhares fixos e de pupilas dilatas
revelam um ao outro que nada mais pode ser contra, e a entrega ocorre através
de um verso simples, mas complexo, onde apenas seus lábios poderiam criar a
rima.
No caminho
do encontro dos lábios desejosos, seus corações cessam todas as atividades,
mas, no encontro único, consumado num beijo tão desejado, o mesmo coração volta
a bater, porém com uma diástole que parece querer lançá-lo para fora do peito
dele ao encontro do coração dela.
Eles percebem
nesse momento que mais do que os lábios, os corações também se beijam naquele
instante, neste encontro se fazem um pela primeira vez, quando os lábios buscam
um ao outro num desfecho pacífico, mas avassalador, eles percebem que era
exatamente ali que desejavam estar, não o lugar em si, mas sim, a maneira: um no
outro e outro no um.
Por
Flávio Ferreira e Maina Salén [link]
Flávio, fico imensamente feliz com essa parceria. Imagina! Escrever algo com alguém tão admirável...
ResponderExcluirObrigada pelo convite, aceitei com medo. Obrigada pelas palavras, foram elas que me inspiraram para escrever esse texto. Obrigada por compartilhar comigo seus belos escritos e obrigada por compartilhar os vaga-lumes...
Maina,
Excluirmais do que nunca, um dos melhores momentos que vivi diante de letras, obrigado,
Super lindo amigos.... Parabéns....
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirQue lindo texto!!!vcs dois escrevem lindamente... os dois juntos aaaafffff.... o casamento perfeito... hehehehe.... Parabéns!
ResponderExcluirBelas Terapias / Fan page
QUE LINDO!! Nossa, com essa parceria só podia sair coisa boa mesmo! Obrigada aos dois por encantarem o meu dia. :')
ResponderExcluirbeijos