A Narrativa do personagem Arthur Gordon Pym, contava a história de um navio à deriva cuja tripulação faminta tirava no palitinho quem seria comido pelos outros. A vida imitou a arte 46 anos depois, quando a tripulação do Mignonette passou exatamente por isso. A grande coincidência? Os azarados que viraram refeição. Ambos eram camareiros e chamados Richard Parker
O autor da narrativa?
Edgar Allan Poe que se estivesse vivo faria 207 anos hoje.
Este blog é executado sobre as sombras e olhares de duas aves símbolo: o corvo e o carcará, e este corvo não está aqui por acaso. Quando adolescente ganhei um livro de contos de um autor que não conhecia, mas que passou a ser fundamental na minha formação profissional, intelectual e até pessoal.
Edgar Allan Poe foi o criador do gênero “romance policial”, apesar de suas histórias de crimes serem conhecidas na França desde o séc.
XVIII, através de publicações de biografias de bandidos famosos. Em contos
como: “Os Crimes da Rua Morgue”, “O Mistério de Marie Rogêt”, “A Carta
Roubada”, que são necessariamente contos policiais, Edgar Allan Poe deu uma
grande contribuição à literatura policial, muito antes de Conan Doyle e Agatha
Christie. Nestes contos, Poe descreve as investigações de Auguste Dupin em
vários casos, mostrando uma engenhosidade perfeita.
Além do gênero
investigativo, criado por Allan Poe, ainda nos restam obras de
terror psicológico,
contudo, acima das questões psicológicas dos personagens e de todo o clima de
suspense alimentado pelo autor, é de suma importância salientarmos o fator da
patologia. O autor, por muitas vezes, apresenta seus personagens não pelas suas
características físicas, mas
sim pelas suas patologias, como ocorre no conto “O Coração Denunciador”. A
narração, com foco na análise patológica dos
personagens, acaba por tornar-se presente na
literatura naturalista, isto na metade do século XIX, todavia, Edgar Allan Poe,
também neste caso, mostra-se um homem além de seu tempo, pois, já utiliza esse
recurso muito tempo antes da existência dessa escola literária.
Os contos de Poe sempre são cheios de canibalismo,
pestes, cataclismos, incinerações, estranhos males físicos e pacientes de
manicômios, além da exploração, de forma crua e objetiva, dos mais escuros
vales da psique humana. Escritor perturbado e perturbador, Poe é famoso pelas
histórias de terror e policiais. Poe
é aquele que, de acordo com Lovecraft, “resolveu
ser intérprete daqueles poderosos sentimentos e frequentes ocorrências que
acompanham a dor e não o prazer, a decadência e não o progresso, o terror e não
a tranquilidade.” (Lovecraft, 2007, p. 62).
É interessante observar,
ainda, que as mulheres de
Poe são sempre uma alavanca para a loucura inevitável de seus
protagonistas homens, tanto por suas inteligências agudas e voltadas sempre
para a metafísica e o ocultismo, a ponto de superarem leis da física, como por
suas belezas, às vezes estranhas e fora dos padrões, mas, ainda
assim, incandescentes.
Allan Poe não foi apenas escritor de contos de terror ou poemas obscuros, por meio de obras como "Filosofia da composição", "O principio poético" e "Eureka", onde Poe mergulha na filosofia, matemática e até hoje causa discórdia e debates sobre os olhares que se detêm nesta obra buscando um olhar universal sobre o conhecimento:
"Por que não existiríamos? Esta é, até chegar a idade adulta, a pergunta mais imporssível de responder. A existência, a existência de cada um, a existência desde todos os tempos até toda a eternidade, nos parece, até a idade adulta, uma condição normal. (...) Mas logo vem o período em que uma razão convencional e mundana nos desperta da verdade de nosso sonho. A duvida, a surpresa, o inconpreensível chegam ao nosso tempo. Dizem: 'Vives e houve um tempo em que não vivias'"
Quer deliciar-se na obra obscura deste autor? Então não deixe de clicar neste links:
No fim de 2015 tive uma bela surpresa là Poe, na minha pacata cidade do interior de São Paulo, surgiu um novo ponto de encontro, um barzinho com estilo pub intitulado Edgar Allan Pub, onde podemos apreciar o melhor do rock roll, jazz, alternativo, samba e muita música de qualidade, além dos drinks inspirados em personagens e escritos de Allan Poe. Quando você passar por aqui, vale a pena conferir:
Gostei muito da postagem, Flávio. Informações interessantes sobre Poe,sua admiração por ele e sobre Ourinhos.
ResponderExcluirOlá Regina,
Excluirvc sempre doce; não podia deixar uma singularidade tão importante da minha cidade de fora neste caso, rsrs
obrigado
Parabens! Gostei da publicação! despertou-me o interesse e iniciar alguma leitura do autor, conhecia mas nunca tinha pensado em ler alguma obra do mesmo.
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