A chuva de queda curva, encharcava, mas não era capaz de molhar ainda mais aqueles olhos... Aquele olhar que já estava marejado, com águas que nasciam em um vilarejo completamente desconhecido para mim ...
“O senhor precisa de algo?”, a essa altura eu já havia afrouxado o nó da gravata e dito algumas palavras amargas de arrependimento por ter parado ali.
“E que não precisa? Você? Só porque tem um emprego, uma família sorridente?! Quem não precisa...”
Que belo sacana esse cara.
Eu fico indecoroso quando vejo alguém brincando com cachorros de rua e ignoram os moradores das mesmas, pra todos são sempre bêbados, vagabundos ... cada um tem sua historia, insignificante ou não, mas tem.
“Bom... O senhor quer alguma coisa? Quer conversar? O que o senhor pensa sobr....
“Ahhhh .... essa é boa, você é o cara mais perdido que eu vi nos últimos meses, pensa que sabe de onde veio, pra onde vai só porque isso deve estar escrito em algum papelzinho de merda ... ‘o que eu penso’ você quer saber? Só um imbecil diz o que pensa, temos que dizer o que sabemos, fora a vida não há nada mais ... só a escola da vida diploma de verdade”
“Talvez, mas também podemos fazer com qu....
“Pára. Pára mesmo... apague esses pensamentos tod(l)os que estão na sua cabeça rapaz, se alguém é proprietário de alguma coisa, esse alguém sou eu, e não você! Obrigado por me ajudar a levantar, me parece que é o que tem pra me oferecer, ‘sua mão e sua força’, agora vá, viva, aprenda alguma coisa e depois venha me questionar ...
“Mas eu pensei que o Senhor....”
Pensei errado, ele nem estava mais ali, agora quem estava caído era eu, mas porque exatamente? Ele não me disse nenhuma novidade... Afinal, quem vive nessa vida?”
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